domingo, 16 de junho de 2013

Amigo de Infância

Não lembro a título de quê eu havia saído naquela noite chuvosa, mas, pelo contrário, lembro-me claramente do lugar em que encontrei Humberto. Uma marquise de bar, a praia em frente, um frio tremendo. Já estava ali por alguns minutos, decidida a enfrentar a chuva para voltar ao meu apartamento, que ficava a uma quadra do bar. Não prestei muito atenção no movimento, quem entrava ou quem saía, e quando eu estava pronta para me molhar, ouvi alguém chamar meu nome.

– Samantha!!! Eu não acredito! – exclamou um homem alto, usando jaqueta de couro, diante de mim.

– Me desculpe, estou com pressa – respondi, passando por ele, sem saber de quem se tratava.

– É assim que trata seu “pudim de leite”.

Nem mesmo a chuva e o vento puderam gelar tanto o meu corpo quanto o efeito de ter ouvido aquelas três palavrinhas: “pudim de leite”. Senti como se tivessem me deixado nua na frente de todos. Não, não podia ser. Coincidência? Virei para ter a certeza de que era apenas uma coincidência. Uma mera cantada. Sequer eu conseguia falar.

– Oh, meu Deus, você está em choque – disse, segurando-me pelos ombros. – Venha, vamos entrar. Eu te pago uma bebida para comemorar os velhos tempos.
Meu coração saltou à boca. Era ele mesmo, Humberto, meu vizinho de infância. Sempre ficávamos sozinhos na casa dele, quando eu voltava da escola. E aprontávamos o máximo. Não preciso dizer o que era o meu “pudim de leite”, preciso?

Enquanto eu pensava no passado, Humberto já havia me conduzido a uma mesa e servido um martini com vodka. O álcool me fez voltar ao controle de mim mesma e, depois da terceira dose, percebi o quanto fiz daquela situação um bicho-de-sete-cabeças. Ora, o Humberto podia até ter crescido, ficado com aquele vozeirão, etc, etc… mas aquele 1,80m de músculos ainda tinha só duas cabeças!

Fiquei imaginando: se com o reencontro da primeira cabeça já havia ficado em choque. Como ficaria diante do meu “pudim de leite”. E não aguentei. Comecei a rir e não parar mais.

Um quarto martini e era eu que estava convencendo Humberto a visitar o meu apartamento. Olha só que hilário. O bicho-de-duas-cabeças estava casado e não podia chegar muito tarde em casa. No entanto, já era tarde, ao menos para ele. Não ia deixar todo aquele susto passar impune. Queria ver como o meu “pudim de leite” tinha ficado e o quanto ele havia crescido. Agora era tarde para Humberto.

No meu apartamento, tomamos um banho quente de banheira, mas ainda o clima estava um tanto frio para Humberto, que estava preocupado. Havia prometido que seria uma transa rápida, portanto, assim que ele se enxugou, o empurrei na cama e comecei a sorver o meu “pudim de leite”, que cresceu e endureceu tão rapidamente, tomando proporções tão grandes, que já não cabia todo na minha boca, como quando cansávamos de brincar na infância. Mas não havia problemas, se ele tinha duas cabeças, eu tinha duas bocas selvagens, uma para cada cabeça. E assim eu senti toda aquela potência penetrar as minhas entranhas como uma forja de fogo, que em menos de cinco minutos estava arremessando um jato de lava sobre meus seios e rosto. Mas promessa é promessa! Humberto colocou as roupas e quando subiu o zíper da calça, eu sabia que aquela seria a última vez que veria o meu “pudim de leite”, que, aliás, saiu rebatizado de “pet longa vida”.

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